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sábado, 21 de janeiro de 2012

NOVA GERAÇÃO DE TOCADORES DA “VIOLA DA PLANÍCIE” E A PRESERVAÇÃO DO CANTE - ARTIGO DO JORNAL SOL

Uma nova geração de quatro tocadores alentejanos de viola campaniça criou um grupo para preservar e divulgar o «legado musical» do cante alentejano e a «mestria do toque» da viola de arame, «peculiar» e típica do Baixo Alentejo.
O grupo Pedro Mestre & Campaniça Trio quer «preservar e divulgar o mais emblemático legado musical da região», o Cante Alentejano, e «a mestria do toque» da viola campaniça, uma «peculiar viola de arame» típica do Baixo Alentejo, disse o mentor do projecto, Pedro Mestre.
A criação do grupo «marca um novo ciclo para a viola campaniça», porque vai «manter a tradição e a originalidade» do instrumento, mas também «dar-lhe uma nova abordagem», nomeadamente nas técnicas de tocar, frisou Pedro Mestre, que canta, toca e ensaia e faz parte de vários grupos corais alentejanos
No grupo, Pedro Mestre é acompanhado por um trio de tocadores de viola campaniça e cantores, composto por Márcio Isidro, David Pereira e José Diogo Bento.
Numa fase inicial, o grupo vai apresentar-se na forma de quarteto e tocar temas do repertório tradicional do Alentejo, disse Pedro Mestre, que começou a tocar viola campaniça aos 12 anos «pela mão» do «mestre» Francisco António.
No entanto, «o objectivo é fazer algo diferente», ou seja, o grupo quer criar um repertório original e apresentar-se acompanhado por mais uma banda, para juntar à viola campaniça outros instrumentos, como os de sopro e percussão, bateria e conjunto de cordas.
«Queremos que a viola campaniça, com a beleza do seu toque, possa apresentar-se ao lado de outros instrumentos», com os quais «casa perfeitamente», frisou.
O grupo quer ser «um projecto actual e com uma visão mais virada para o que poderá ser o futuro da viola campaniça», e, para isso, está «a trabalhar em temas inéditos e a preparar um espetáculo diferente» dos tradicionais espectáculos de viola campaniça, disse.
Além de espectáculos, o grupo está a preparar um videoclip e quer gravar um álbum, «talvez ainda durante este ano», e editar um DVD de um concerto ao vivo, disse Pedro Mestre.
A viola campaniça, também conhecida como viola de Beja, é um instrumento típico do Baixo Alentejo, cujo toque, nos últimos tempos, esteve limitado à zona campaniça ou do Campo Branco, que engloba os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola, Ourique e parte do de Odemira
Actualmente, há poucos construtores e tocadores tradicionais de viola campaniça, que, noutros tempos, era tocada pelo povo nas feiras e nos campos do Baixo Alentejo.
No entanto, têm surgido novos tocadores e o grupo «é uma prova disso», disse, referindo que a viola campaniça «não passa despercebida na vida das novas gerações», já que é tocada nas aulas de Cante Alentejano em escolas básicas da região e a construção e o toque do instrumento são ensinados na Escola Secundária de Castro Verde.
in Lusa/SOL

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